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Chantagem emocional e manipulação são características do paciente borderline

23/11/2020

Instabilidade. Manipulação. Chantagem emocional. Comportamento autolesivo.


Essas são algumas características do transtorno de personalidade borderline, também chamado de transtorno de personalidade limítrofe. “Como o próprio nome já diz, é um transtorno da personalidade. Ou seja, a personalidade da pessoa foi moldada de forma patológica e ela sempre foi assim. É a personalidade que é doente”, explica Elie Cheniaux, professor titular de psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM-UERJ) e do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PROPSAM-IPUB-UFRJ).

 

O diagnóstico do transtorno de personalidade só pode ser determinado quando o paciente completa 18 anos, mas as particularidades que o definem já estão presentes mais cedo na adolescência ou mesmo na infância.

 

Entre as principais características estão a instabilidade do humor, a falta de autocontrole ao se deparar com situações estressantes, a dificuldade em lidar com a frustração e a rejeição, e o senso de identidade distorcido. Tudo isso acaba gerando relações interpessoais problemáticas.

 

“Alguns sintomas muito comuns são o sentimento crônico de vazio, o abuso de álcool e outras drogas e o comportamento manipulador com chantagens emocionais. Também são comuns tentativas de suicídio, em geral sem a intenção real de morrer, o que está dentro do comportamento manipulador, de fazer chantagem emocional, e provocar autolesões, como usar objetos cortantes para ferir a própria pele”, diz o professor.

 

Nos Estados Unidos, uma pesquisa do National Center for Biotechnology Information estima que 1,6% da população no país tenha transtorno borderline, sendo 75% dos pacientes mulheres. Em uma primeira avaliação é possível que o borderline seja diagnosticado incorretamente como bipolar, mas são dois transtornos muito diferentes.

 

“É uma situação comum ter que distinguir o borderline do bipolar, mas são duas situações bem distintas. Em primeiro lugar, o transtorno bipolar não é um transtorno da personalidade, é um transtorno de humor. Então o indivíduo bipolar adoece a partir de um determinado momento. Ele apresenta episódios de depressão e de mania que se alternam. A doença parte geralmente de um primeiro episódio depressivo”, conta.

 

O curso das duas doenças também são diferentes. O transtorno de humor bipolar tem um curso episódico, em que a pessoa passa por períodos de depressão que podem durar de semanas a meses, assim como os de mania, mas ela também terá épocas de eutimia (sem sintomas), que podem permanecer por anos.

 

Já o curso do transtorno de personalidade é contínuo. Afinal, é a personalidade do paciente. “O borderline pode ficar depressivo em um momento, pode tentar o suicídio de repente, pode ficar agressivo de repente. É essa a personalidade dele, continuamente tem as alterações, é sempre desse jeito”, afirma.

 

Segundo Cheniaux, não existe uma medicação eficaz para tratar o transtorno borderline. “Alguns remédios podem melhorar a impulsividade, o controle de ansiedade e os sintomas depressivos. O tratamento é basicamente psicoterápico, que terá respostas somente a médio e longo prazo”, revela.

 

Um dos desafios para o paciente, explica a psiquiatra Jéssica Martani, é aceitar o diagnóstico e, por meio da terapia, iniciar o processo de autoconhecimento. “O tratamento fará com que esses traços de personalidade fiquem cada vez menores e mais adaptativos. Não há uma cura, mas há uma maneira de lidar com as características da personalidade borderline”, diz Martani.

 

Para a psiquiatra, a família pode ajudar o paciente dando apoio para que ele não desista do tratamento. Cheniaux ressalta que é importante que os parentes e amigos não retroalimentem o comportamento de manipulação e de chantagem emocional do borderline.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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