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Pesquisas têm associado idade do homem a problemas na gestação e no bebê

10/07/2019

 

 

 

Ser pai aos 30 ou aos 50? A diferença pode parecer, até hoje, apenas uma questão de disposição para carregar a cria nos ombros ou estabilidade financeira para pagar as mensalidades do colégio. Mas não é só. Cada vez mais, pesquisas têm demonstrado que a idade do homem (e não só a da mulher) tem impacto na fertilidade do casal, na saúde do bebê e até na gestação. 

 

Estudos já ligaram a idade do homem à diminuição das taxas de gravidez, risco de baixo peso do bebê e problemas logo após o nascimento ou na infância. Também encontraram elo entre pais mais velhos e diabete gestacional. A mensagem é cada vez mais clara. “Fertilidade é um esporte de equipe e ambos os jogadores são importantes”, disse ao Estado o professor de Urologia Michael Eisenberg, da Universidade Stanford (EUA).

 

Um dos estudos recentes de maior importância na área é o trabalho liderado por Eisenberg, publicado em 2018, que analisou 40,5 milhões de nascimentos em uma década nos Estados Unidos. Controlada a idade materna, mediu-se o impacto da idade dos pais na saúde dos filhos. Bebês nascidos de pais com mais de 35 anos tinham risco maior de baixo peso, convulsões e necessidade de ventilação logo após o parto. 

 

Segundo a pesquisa, quanto maior a idade do pai, maior o risco. Homens com 45 anos ou mais tinham, por exemplo, 14% mais probabilidade de ter um filho prematuro em comparação com pais entre 25 e 34 anos. E o risco de ter diabete gestacional para mulheres com parceiros mais velhos era 28% maior. 

 

Artigo publicado em março por pesquisadoras da Universidade Rutgers, em Nova Jersey (EUA), reuniu informações deste e de outros 22 estudos. Além de problemas ao nascer, pesquisas compiladas haviam associado a paternidade tardia a condições como esquizofrenia e até autismo nas crianças. 

 

A relação de causa entre a idade do pai e as complicações ainda não é clara. Como os espermatozoides são produzidos nos testículos continuamente (ao contrário dos óvulos, que envelhecem), acreditava-se que a idade do homem não influenciava na gravidez. Hoje, hipóteses como o tempo de exposição a infecções e a possibilidade de fragmentação do DNA ao longo dos anos são levantadas para explicar o problema. 

 

“Os homens não estão conscientes sobre as questões de envelhecimento e fertilidade”, diz Gloria Bachmann, diretora do Instituto da Saúde da Mulher, da Universidade Rutgers. Para reduzir riscos aos bebês e à gestação, ela sugere o congelamento de sêmen a homens que querem adiar a paternidade, mas reconhece barreiras como custo e dificuldade em delimitar a idade a partir da qual se recomenda a técnica. 

 

Cenário

 

Hoje, no Brasil, é baixo o número de homens que buscam o congelamento de sêmen apenas por causa da idade. Diretora do banco de sêmen Pró-Seed, Vera Fehér Brand estima que cerca de 8% dos pacientes que procuram a clínica têm exclusivamente essa intenção. “Médicos falam pouco sobre isso e os homens, em geral, não vão atrás dessa informação.” O congelamento de sêmen por um ano na Pró-Seed custa, em média, R$ 1,1 mil. 

 

Coordenador de Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Marcelo Vieira diz que o tema despertou discussões no último congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia. Há controvérsia sobre o congelamento de sêmen. “Será que não é hora de voltar a um passado não tão distante e ter filhos na época mais adequada?”

 

Para Jorge Hallak, do Grupo de Estudos em Saúde Masculina do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), o tema esbarra em lacunas na educação dos homens. “Ele confunde o fato de ter ereção e ejacular com ser fértil.” Contra a desinformação, ele participa de campanhas em escolas. “Preconizamos que o paciente se habitue a ir ao andrologista a partir dos 13 anos. O homem tem de começar a assumir a paternidade responsável, a parte reprodutiva, para sim ou para não.”

 

Segundo Nilka Donadio, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, é comum que dificuldades reprodutivas dos homens cheguem primeiro ao conhecimento do ginecologista que acompanha a parceira. “O homem tem mais medo do problema reprodutivo. Mistura-se um pouco fertilidade com masculinidade”, diz.



Fonte: O Estado de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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