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USP e Instituto Pasteur lançam parceria para investigar zika e outras doenças

03/07/2019

Nesta quinta-feira (4), a USP e o Instituto Pasteur, fundação francesa com foco na área da saúde, vão inaugurar uma parceria no Brasil para investigar danos neurológicos causados por agentes infecciosos, como o vírus da zika e outros parasitas.

 

A Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) será composta por 17 laboratórios, quatro deles de nível de biossegurança 3 (numa escala que vai de 1 a 4) com padrão europeu de qualidade. Isso é importante porque pesquisadores de outras unidades do Pasteur e de outros centros de pesquisa poderão prosseguir suas pesquisas com agentes infecciosos perigosos nos laboratórios da iniciativa, segundo Paola Minoprio, pesquisadora brasileira do Instituto Pasteur que voltou ao país após 34 anos para coordenar a iniciativa.

 

Ao lado dela está o professor Luís Carlos Ferreira, diretor do ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP. Segundo ele, havia a necessidade de um esforço coordenado para enfrentar grandes epidemias. O Pasteur foi fundado em 1887 e seus pesquisadores já foram reconhecidos com dez prêmios Nobel. A expectativa é que a SPPU dê origem à 34ª unidade da Rede Internacional de Institutos Pasteur, presente em 24 países.

 

A ideia de trazê-lo para o Brasil não é nova, mas ganhou nova força em 2014, ainda antes do surto de zika, quando as negociações foram para frente. Em 2015, foi assinado um acordo de colaboração científica envolvendo USP, Pasteur e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), instituição análoga ao Pasteur no Brasil.

 

Como os problemas de saúde do país variam muito de norte a sul, explica Minoprio, a ideia é que também haja no futuro uma unidade do Instituto Pasteur mais ao norte, possivelmente no Ceará, na cidade de Eusébio, onde foi inaugurada a nova sede da Fiocruz no estado em 2018.

 

“Após a epidemia de zika e febre amarela, outros vírus aparecerão, como o mayaro e o west nile [da febre do Nilo Ocidental]. Alguns podem ser trazidos por aves, que migram por causa das mudanças climáticas. Assim, doenças passam a ocorrer onde antes não existiam”, diz Minoprio. Monitorar o movimento de pássaros por meio de imagens de satélite é, inclusive, uma ideia de pesquisa.

 

A SPPU ocupará uma área de 1.700 m² dentro do espaço do Inova USP, complexo da universidade dedicado à inovação. Entre as iniciativas vizinhas estão a S2B, que atua na área de biologia sintética a fim de produzir energia sustentável à base de plantas e microrganismos, e a Iris, que busca criar inovações tecnológicas e de impacto social para a iniciativa privada.

 

Os novos laboratórios serão ocupados por cerca de cem pessoas, entre técnicos, estudantes e funcionários divididos em 12 grupos de pesquisa. Dentre os pesquisadores já selecionados, seis são da USP (Paolo Zanotto, Edison Durigon, Patrícia Beltrão Braga, Jean PierrePeron, Eduardo Massad e Helder Nakaya) e um é da Fiocruz (Pedro Teixeira, responsável pela área de biossegurança).

 

As áreas de estudo contempladas incluem virologia aplicada e integrada, epidemiologia, bioinformática e modelagem matemática da disseminação de doenças. A plataforma também investigará a relação de agentes infecciosos com hospedeiros e possíveis alvos para ação de drogas.

 

Nos próximos anos serão selecionados pesquisadores, de dentro ou fora do Brasil, que queiram desenvolver suas atividades dentro da SPPU por um período de tempo fixo. A expectativa é que as atividades contem com apoio financeiro da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), além do próprio Pasteur. O investimento inicial, segundo a USP, será de R$ 40 milhões, sendo R$ 15 milhões em equipamentos.

 

Minoprio, estudiosa de protozoários como o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, e o Trypanosoma vivax, que causa perda de peso e letargia em animais, deve trazer cerca de € 1 milhão (R$ 4,3 milhões) em equipamentos e deve contar com apoio da Fapesp de quase R$ 8 milhões para iniciar suas atividades laboratoriais.

 

Outra ideia para obter recursos, diz Ferreira, é criar um fundo de investimento para o qual empresas tanto do Brasil quanto da França poderão contribuir. Segundo o professor, uma unidade internacional permite e facilita mais colaborações e a solicitação de financiamento de agências europeias e internacionais.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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