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Por que homens se importam com tamanho do pênis e como isso pode afetá-los

11/06/2019

Uma pergunta curta e grossa: quanto mede o seu pênis? A maioria não só já tem os centímetros na ponta da língua como vai comparar com a fita métrica ao lado. Natural. Vivemos em uma sociedade na qual o membro masculino é visto como sinônimo de poder —e quem desejaria um poder pequenininho?

 

Antes que o leitor corra para o Google, esclareçamos: a menor média de comprimento no mundo fica com o Nepal, na Ásia, que registra 9,30 cm, quando ereto. O Congo, na África, tem média de 17,93 cm, enquanto o tamanho médio do pênis do brasileiro é de 15,75 cm. Mas estamos falando de números ou de virilidade?

 

Preocupados, os homens se metem em enrascadas que geram neles mesmos distúrbios como ansiedade, ejaculação precoce e disfunção erétil. Ao desejar ter sempre um pênis maior do que aquele com o qual foi agraciado, independentemente de quantos centímetros a fita métrica registre, o adulto moderno abre mão não só de viver experiências na cama, como também foge do consultório e dos cuidados com a saúde.

 

“Muitos pacientes deixam de procurar o urologista e evitam outros médicos e até situações em que tenham que tirar a roupa”, diz Eduardo Aliende Perin, terapeuta sexual e psiquiatra pela Unifesp. “E quando vão ao médico e se queixam do tamanho, em quase 100% dos casos o comprimento e a circunferência, a chamada ‘grossura’, são absolutamente normais.”

 

Uma pesquisa na Universidade do Estado de Missouri (EUA) começou recentemente a avaliar milhares de fotos de pênis e entrevistar centenas de homens para ver se há uma correlação entre tamanho, autoestima, confiança, disposição em se engajar em relacionamentos e até uso de camisinha.

 

A preocupação com o tamanho remonta à pré-história, quando desenhos nas cavernas mostravam homens com enormes pênis eretos, ao Egito antigo e seus deuses bem-dotados, e à mitologia grega que, embora cultuasse um ideal de beleza de pênis pequeno e prepúcio longo, também contava a história de Afrodite, deusa do amor que deu à luz Priapus, um ser de aparência horrenda e pênis imenso, que se mantinha sempre ereto.

 

Priapus foi abandonado para morrer ao relento, e, ao ser encontrado por camponeses ainda vivo, percebeu-se que seu membro aumentava a fertilidades das plantas. “No passado, a participação do homem na procriação era ignorada. Há 5.000 anos descobriu-se que o sêmen do macho era relevante, e esse princípio fálico, da supremacia do homem, condicionou o modo de viver dos indivíduos desde então”, diz o sexólogo João Luiz Vieira. 

 

Além da herança histórica, outro elemento —este extremamente contemporâneo— complica a relação masculina com seus genitais. O consumo desenfreado de pornografia pela internet, mais acessível com os smartphones, afeta a imagem que jovens e adultos têm de si mesmos —sem contar o já conhecido ônus sobre o comportamento na cama com parceiros e parceira“Há estudos de associações de urologia que dizem que homens viciados em pornografia são mais propensos a sofrer de disfunção erétil e tendem a ficar menos satisfeitos com relações sexuais”, de acordo com Vieira. 

 

O psiquiatra Eduardo Aliende Perin concorda: “Meninos e homens com pênis de tamanho normal sentem que têm pênis pequenos por comparação com os pênis enormes de atores de filmes pornográficos. Eles perdem a noção do que é ter um órgão dentro do padrão de normalidade, e passam a considerar que o pênis deveria ser do tamanho que veem nos filmes. O consumo de pornografia atrapalha, e muito, a vida sexual, especialmente de adolescentes, que recorrem a imagens editadas e filmes de ficção para reproduzir atuações em suas experiências realistas”, avalia.

 

O especialista em marketing Giovani (nome trocado a pedido), 33, conta que assistir pornografia quase sempre o leva a ter a impressão de que há algo errado com seu pênis. “Você começa não só a reparar no tamanho, mas na quantidade de pelos, de esperma, na cor, a maneira como marca na roupa. O sentimento que fica é que um pau com características diferentes dessas dos filmes não vai dar tesão. E a gente mesmo é quem acaba buscando isso, inconscientemente.”

 

Já André (nome fictício), 40, administrador de empresas, relata que a última vez que mediu seu pênis foi “há uns dez ou 15 anos”, e que hoje se sente confortável com o tamanho. “Mas isso não foi sempre assim. Na adolescência me sentia incomodado. Os garotos com quem eu tinha alguma intimidade eram mais velhos, e me comparava com eles. Eu me sentia ‘devendo’ em diversos aspectos.”

 

Para Eduardo Perin, a preocupação pode chegar ao ponto de prejudicar a convivência social, quando o homem imagina que o tamanho de seu pênis é observado mesmo quando ele está de roupa. “Há casos em que o homem pensa nisso o tempo todo, faz milhares de buscas na internet para se assegurar de que seu pênis é normal, procura urologistas diferentes e, mesmo quando o médico diz que o pênis é normal, o homem se tranquiliza momentaneamente, mas logo o ciclo recomeça.” Nessas situações, é fundamental buscar ajuda psicoterápica e especializada em sexualidade.

 

“É como se tamanho fosse sinônimo de satisfação, o que não é verdade”, diz Giovani. “A gente fantasia muita coisa e esquece que existem variáveis na equação.”



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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