São Paulo, 19 de abril de 2024
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Estomaterapia | Sílvia Angélica Jorge

Diretora do Departamento de Enfermagem do Hospital de Clínicas/UNICAMP, Conselheira Científica e vice-presidente da Sobest – Associação Brasileira de Estomaterapia: estomias, feridas e incontinências. Enfermeira Estomaterapeuta TiSOBEST, Graduada e Licenciada em Enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Ciências Médicas, é Mestre em Enfermagem Fundamental, pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – SP, com Especialização em Estomaterapia na Faculdade de Ciências Médicas/ UNICAMP, Especialização em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo, Especialização em Administração Hospitalar pela Faculdade São Camilo e Especialização em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade Estadual de Campinas. - Email: [email protected]

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Fontes de luz para a cicatrização de feridas: Diferença entre Laser e LED

O cuidado de pacientes com feridas é tema recorrente e de grande interesse para os estomaterapeutas. As novidades em tratamentos e tecnologia sempre geram grande interesse em todos os canais da Sobest. Neste texto com várias referências bibliográficas, o enfermeiro estomaterapeutas Carlos Henrique Silva Tonazio, mestrando em Bioengenharia pela Escola de Engenharia Mecânica da UFMG, compara duas fontes de luz para cicatrização de feridas, elencando as diferenças entre laser e LED.

Há algumas décadas, o laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) de baixa intensidade tem sido utilizado para a fotobiomodulação em feridas, objetivando a cicatrização. Nesse caso, especificamente a biomodulação ocorre em todas as fases da cicatrização, aumentando fatores de crescimento celular além de estimular a fase proliferativa e participar na orientação da fase de maturação1,2,3,4.

O laser de baixa intensidade promove o aumento da angiogênese com consequente aumento da deposição do colágeno, sendo que essa capacidade de estimular a formação de novos vasos é fator essencial para a cicatrização de lesões. Com isso amplia-se a utilidade da   fotobiomodulação já que permite aumento na taxa do metabolismo celular e consequentemente na atividade mitótica do organismo 5,6,7. Excelentes resultados têm sido encontrados em estudos in vitro com a utilização da luz vermelha na neoangiogênse, relevando essa capacidade da biomodulação8.

Com o passar do tempo o LED (Diodo Light Emitting) passou também a ser utilizado no processo de fotobiomodulação através da estimulação do citocromo C Oxidase nas mitocôndrias10,11.

Comparação entre os efeitos do Laser x LED na fotobiomodulação12


Características

LASER

LED

Direção

Colimada

Não colimada

Onda

Coerente

Não coerente

Cumprimento da onda

Entre 300 e 10.600 nm

Entre 384 e 780 nm

Baixa divergência

Não, pode exigir filtro para corrigir. Desperdício de energia.

Sim, perfeito para atingir áreas específicas.

Dose

0,1 a 10 J/cm2

0,1 a 10 J/cm2

Dose terapêutica

Até 5 J/cm2: Doses muito baixas não têm efeito terapêuticos e doses muito altas têm efeitos inibitórios.

Até 5 J/cm2:Doses muito baixas não têm efeito terapêuticos e doses muito altas têm efeitos inibitórios.

Janela Terapêutica

Sim

Sim

Mecanismo de ação

A absorção da energia é o mecanismo principal
que permite que a luz
produza efeitos biológicos no tecido. A absorção da
luz é dependente do comprimento de onda e os principais cromóforos teciduais (hemoglobina e melanina) absorvem fortemente os comprimentos de onda menores que 600 nm.

A absorção da energia é o mecanismo principal que permite que a luz
 produza efeitos biológicos no tecido. A absorção da luz é dependente do comprimento de onda e os principais cromóforos teciduais (hemoglobina e melanina) absorvem fortemente os comprimentos de onda menores que 600 nm.

Faixa de ação no citocromo c oxidase.

Infravermelho

Vermelho

Efeitos biológicos

Os efeitos biológicos
são dependentes dos parâmetros, principalmente do comprimento de onda e da dose.

Redução de células inflamatórias, o aumento da proliferação
de fibroblastos, a estimulação da angiogênese, a formação de tecido de granulação e o aumento da síntese
de colágeno

Os efeitos biológicos
são dependentes dos parâmetros, principalmente do comprimento de onda e da dose.

Redução de células inflamatórias, o aumento da proliferação
de fibroblastos, a estimulação da angiogênese, a formação de tecido de granulação e o aumento da síntese
de colágeno

Considerações
           
            É importante o profissional conhecer as tecnologias disponíveis para o uso na sua prática clínica. Percebe-se que o LED e o LASER são eficazes no processo de biomodulação já que os efeitos biológicos são semelhantes e a preocupação inicial de que esse efeito fosse diretamente ligado à coerência do LASER foi descartado, já que a luz ao penetrar o tecido perde essa coerência, sendo essencial a dose e comprimento de onda para que haja a fotobiomodulação.

Referências

  1. Medrado, A.R., Pugliese, L.S., Reis, S.R., et al. (2003). Influence of low level laser therapy on wound healing and its biological action upon myofibroblasts. Lasers Surg. Med. 32, 239–244.
  1. Whelan, H.T., Smits, R.L. Jr., Buchman, E.V., et al. (2001). Effect of NASA light-emitting diode irradiation on wound healing. J. Clin. Laser Med. Surg. 19, 305–314.
  1. Kipshidze, N., Nikolaychik, V., Keelan, M.H., et al. (2001). Lowpower helium-neon laser irradiation enhances production of vascular endothelial growth factor and promotes growth of endothelial cells in vitro. Lasers Surg. Med. 28, 355–364.
  1. Reddy, G.K., Stehno-Bittel, L., and Enwemeka, C.S. (2001). Laser photostimulation accelerates wound healing in diabetic rats. Wound Repair Regen. 9, 248–255.
  1. Reddy, G.K. (2003). Comparison of the photostimulatory effectsof visible He-Ne and infrared Ga-As lasers on healing impaireddiabetic rat wounds. Lasers Surg. Med. 33, 344–351.
  1. Yu, W., Naim, J.O., and Lanzafame, R.J. (1997). Effects of photostimulation on wound healing in diabetic mice. Lasers Surg. Med.20, 56–63.
  1. Agaiby, A.D., Ghali, L.R., Wilson, R., et al. (2000). Laser modulation of angiogenic factor production by T-lymphocytes. Lasers. Surg. Med. 26, 357–363.
  1. Schindl, A., Merwald, H., Schindl, L., et al. (2003). Direct stimulatory effect of low-intensity 670-nm laser irradiation on human endothelial cell proliferation. Br. J. Dermatol. 148, 334–336.
  1. Whelan, H.T., Buchmann, E.V., Dhokalia, A., et al. (2003). Effect of NASA light-emitting diode irradiation on molecular changes for wound healing in diabetic mice. J. Clin. Laser Med. Surg. 21, 67–74.
  1. Vink, E.M., Cagnie, B.J., Cornelissen, M.J., et al. (2003). Increased fibroblast proliferation induced by light-emitting diode and low-power laser irradiation. Lasers Med. Sci. 18, 95–99.
  1.  Wong-Riley, M.T., Bai, X., Buchmann, E., et al. (2001). Lightemitting diode treatment reverses the effect of TTX on cytochrome oxidase in neurons. Neuroreport 12, 3033–3037.
  1. Chaves, M.E., Pinotti, M.,  de Araújo, A.R., Piancastelli, A.C.C. Efeitos da luz de baixa potência na cicatrização de feridas: LASER x LED. Anais Brasileiro de Dermatologia. 2014;89(4):616-23. ISSN-e 1806-4841. Disponível em: http://www.anaisdedermatologia.org.br/detalhe-artigo/102095/Efeitos-da-luz-de-baixa-potencia-na-cicatrizacao-de-feridas--LASER-x-LED-.Acessado em 12 de junho de 2015.

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