São Paulo, 20 de abril de 2024
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Estomaterapia | Angela Boccara

Profa Dra Maria Angela Boccara de Paula – TiSobest
Integrante da Comissão de Ética da Sobest – Associação Brasileira de Estomaterapia. Editora da Revista Estima. Professor Doutor do Departamento de Enfermagem e Nutrição. Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Humano. Universidade de Taubaté - Email: [email protected]

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Atenção à pessoa com estomia - reflexões

Neste ano que a Estomaterapia completa 30 anos no Brasil, é interessante abordar questões que dizem respeito ao mercado de trabalho para os especialistas.

Dentre as três áreas de abrangência da especialidade – Estomias, Feridas e Incontinências, o campo de atenção à pessoa com estomia, apesar de ter sido a origem da especialidade, é uma área que precisa ser mais explorada pelos especialistas. Pessoas com estomias demandam cuidados específicos e são diversos os aspectos que precisam considerados para além do ensino do autocuidado. O uso da convexidade é um desses aspectos a serem explorados e estudados e pesquisas precisam ser desenvolvidas; o uso de métodos para o controle intestinal também, vez que a irrigação e o uso dos oclusores intestinais são muito benéficos para as pessoas com estomias que tem indicação de uso, contribuem para o retorno às atividades da vida diária da pessoa, facilitando sua reinserção social e autoestima.

Garantir que as pessoas com estomia saiam dos hospitais em que foram operados recebendo orientações adequadas, saibam realizar o autocuidado e sejam devidamente encaminhados aos recursos da comunidade para acesso aos equipamentos e adjuvantes e para dar a continuidade no atendimento multidisciplinar é essencial para favorecer e agilizar o processo de reabilitação.

A capacitação das equipes de Enfermagem para esse cuidado é necessidade contínua pois, infelizmente, sabe-se que muito pouco ainda se aborda nos cursos técnicos e de graduação em e, assim, a assistência a esse grupo de pessoas muitas vezes fica a desejar e por vezes até mesmo iatrogênias acontecem por falta de conhecimento para atender pessoas com estomias.

A consulta de Enfermagem no pré-operatório é outra oportunidade que com frequência passa e a orientação e preparo para a nova condição só vai acontecer no pós-operatório e muitas vezes no pós-operatório tardio, gerando enfrentamentos difíceis para a pessoa e familiares, situações que poderiam ser minimizadas ou evitadas se uma consulta de Enfermagem fosse realizada antes da cirurgia.

A demarcação do local da estomia também é aspecto que comprovadamente favorece a diminuição de complicações relacionadas a mesma e deve ser incorporada na prática clínica de enfermeiros especialistas ou capacitados para tal.

Muitos desses problemas poderiam ser abolidos se serviços organizados de Estomaterapia fossem organizados nas instituições de saúde do país, estabelecendo uma rede efetiva de cuidados à pessoa com estomia, tanto nos serviços públicos e privados. O enfermeiro estomaterapeuta é profissional tecnicamente preparado para tal e deve liderar esses serviços, contribuindo assim para que além do cuidado de excelência ocorra, o especialista amplie e mantenha seu espaço, de forma duradoura.

Foram muitos os desafios enfrentados até o momento, muitas conquistas também, mas com certeza já temos vivências, experiências e conhecimento para efetivar cada uma dessas ações.

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