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Falta de vitamina D pode dificultar o controle do diabetes

27/02/2015

Estudo detectou que 66,3% dos pacientes diabéticos têm reduzidos níveis de vitamina D; cerca de 90% dos indivíduos com pior controle glicêmico apresentam hipovitaminose D

 

Um estudo revelou que a falta de vitamina D pode dificultar o controle da glicemia (açúcar do sangue) em indivíduos com diabetes. É o que explica a endocrinologista Dra. Myrna Campagnoli, do Delboni Medicina Diagnóstica, uma das responsáveis pela pesquisa. Segundo ela, os casos de insuficiência e deficiência de vitamina D vêm aumentando significativamente nos últimos anos. “Muitos estudos vêm demonstrando uma forte associação entre os níveis de vitamina D e fatores de risco metabólico, como diabetes e obesidade”, detalha a especialista.

 

A médica revela que os baixos níveis de vitamina D podem predispor à intolerância à glicose, alteração da secreção de insulina e, consequentemente, ao Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2). Nos pacientes já diabéticos, a insuficiência pode dificultar o controle glicêmico. Ela ainda diz que o motivo para isso acontecer é que existem receptores de vitamina D em várias células e tecidos do nosso corpo, inclusive nas células do pâncreas que produzem a insulina e nos músculos. A falta de vitamina D pode dificultar a produção e liberação da insulina, bem como atrapalhar a utilização periférica do açúcar, interferindo no controle da glicose.

 

Segundo a médica, o levantamento de dados foi feito com 253 pacientes entre setembro e dezembro de 2014. “Medimos os níveis de vitamina D, glicemia e insulina. Detectamos que 66,3% dos pacientes diabéticos apresentavam reduzidos níveis de vitamina D. Já entre os indivíduos com pior controle glicêmico, 90% deles apresentavam hipovitaminose D”, confirma.

 

A Dra. Myrna explica que a resistência à ação da insulina pode ser mensurada pelo cálculo do HOMA-IR, que é um índice entre os níveis de glicemia de jejum e insulina de jejum. “Neste estudo observamos que os baixos níveis de Vitamina D predispõem a uma maior resistência insulínica”, descreve.

 

As mortes ocasionadas pelo diabetes mellitus chegam a 3,2 milhões por ano no mundo. “Se a glicose não é controlada e permanece em níveis altos durante muito tempo, aumentam as chances do surgimento das complicações da doença: problemas cardíacos, dos rins, cegueira e amputação de membros são as mais comuns”, relata a especialista.

 

Para reverter o quadro, a Dra. Myrna diz que o controle rigoroso da glicose reduz significativamente a chance destas complicações, porém, é negligenciado por muitos pacientes. “A mudança de hábitos de vida é uma exigência do controle da doença e requer disciplina e persistência, mas uma vez incorporada à rotina diária torna-se mais simples e o paciente passa a ter uma qualidade de vida excelente. A busca constante por informações sobre o DM deve ser feita pelo paciente e o médico deve ser consultado periodicamente”, afirma.

 

Sobre o Diabetes

 

O Diabetes Mellitus (DM) é hoje considerado um sério e crescente problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento, devido ao aumento de sua prevalência, morbidez e mortalidade. No mundo existem 230 milhões de diabéticos (6% da população adulta) e estima-se que existirão 120 milhões de novos casos até 2025. A maioria desses indivíduos apresentará DM tipo 2 e estará na faixa etária de 45 a 64 anos, portanto, em fase de grande participação no mercado de trabalho, cujo tratamento acarretará elevado custo direto e indireto social, humano e econômico. Nos últimos anos a incidência de DM tipo 2 em crianças e adolescentes também vem aumentando.

 

O DM tipo 1 aparece como resultado da destruição das células produtoras de insulina do pâncreas. Essa destruição é provocada por células de defesa do próprio organismo, que reconhecem as células produtoras de insulina como estranhas. Algumas vezes, esses anticorpos são encontrados no sangue. Não se sabe exatamente a causa que inicia o processo, mas existem pesquisas indicando fatores genéticos, vírus, dentre outros. O DM tipo 1 se inicia mais comumente na infância e adolescência, porém também pode se iniciar na idade adulta. Representa de 10 a 20% dos casos de diabetes e requer, obrigatoriamente, o uso de insulina.

 

O tipo 2 representa cerca de 80 a 90% dos casos de diabetes. Ele resulta de um mecanismo duplo, pois existe tanto uma resistência à ação da insulina nas células do organismo quanto uma redução progressiva da produção de insulina pelo pâncreas. Este último mecanismo da doença é muitas vezes esquecido e explica porque a maioria dos pacientes vai necessitar do uso de insulina, geralmente após um período longo de evolução da doença. Inicia-se na idade adulta mais frequentemente. Mas devido à “epidemia” de obesidade que ocorre no mundo, cresce cada vez mais sua incidência entre crianças. Está associado ao excesso de peso, vida sedentária, idade avançada e tem forte influência hereditária.

 

A doença pode ocasionar vários sinais e sintomas, entre eles: sede excessiva; vontade de urinar diversas vezes; perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o habitual); visão embaçada; infecções repetidas na pele ou mucosas; machucados que demoram a cicatrizar; cansaço inexplicável; dores nas pernas. Em vários casos, não há sintomas importantes até que o paciente apresente um quadro grave.

 

O diagnóstico do DM é feito através da medida da glicose do sangue. Os valores diagnósticos estabelecidos pela American Diabetes Association (ADA) são:


  • Normal: glicemia de jejum entre 70 mg/dl e 99mg/dl e <140mg/dl, 2 horas após sobrecarga de glicose (teste de tolerância à glicose).
  • Glicemia de jejum alterada: glicemia de jejum entre 100 a 125mg/dl.
  • Intolerância à glicose: glicemia entre 140 mg/dl e 200mg/dl, 2 horas após sobrecarga de glicose (teste de tolerância à glicose).
  • Diabetes: 2 amostras colhidas em dias diferentes com resultado igual ou acima de 126mg/dl ou quando a glicemia feita a qualquer hora, estiver igual ou acima de 200mg/dl na presença de sintomas.