A Sobest, Associação Brasileira de Estomaterapia – Estomias, Feridas e Incontinências realiza em novembro a Campanha “Mude de Lado e Evite a Pressão”, de conscientização sobre as lesões por pressão, muito comum em pessoas acamadas e impossibilitadas de mudar de posição. As ações que serão realizadas em diversas partes do país fazem parte de um movimento internacional, que tem como data principal neste ano o dia 15 de novembro, Dia Mundial de Prevenção da Lesão por Pressão.

A lesão por pressão é uma ferida na pele causada pela interrupção da circulação sanguínea em um determinado local do corpo geralmente próximo de uma região óssea, aliado a uma pressão contínua nesta mesma região. “Quando o paciente permanece grande parte do tempo sem mudar de posição, deitado ou sentado, pode acontecer a compressão dos tecidos por ossos mais salientes. Essa pressão interrompe a circulação de sangue local e favorece o aparecimento da lesão”, explica a enfermeira Estomaterapeuta Pollyanna Carneiro, Encarregada da Unidade de Estomaterapia do Hospital do Servidor Público Estadual.

Os pacientes acometidos sofrem alterações clínicas e danos funcionais, aumento da dor, risco de infecções graves também estão associadas, favorecendo internações prolongadas. Os locais mais comumente afetados são a região sacral e os calcâneos, sendo que aproximadamente 60% das lesões por pressão se desenvolvem na região pélvica ou abaixo desta. No paciente internado, a lesão por pressão é um problema que caracteriza indicador negativo de qualidade do cuidado. É avaliada como um evento adverso, contribuindo para o aumento da morbidade, da mortalidade, do tempo e dos custos do tratamento de saúde. Assim, a prevenção é de fundamental importância.

As lesões por pressão podem acontecer em todas as faixas de idades, porém existem pessoas que têm maior risco para o desenvolvimento como as pessoas acamadas e em cadeira de rodas. A limitação da percepção sensorial, umidade, mobilidade, nutrição, a presença de fricção e cisalhamento são importantes fatores que favorecem o aumento do risco para o desenvolvimento das lesões por pressão, o que implica em sofrimento e tratamento com custo elevado. A principal medida para prevenir a lesão por é a mudança de posição do paciente, cuja frequência deverá seguir os limites do próprio paciente, da pele e do ambiente que ele se encontra, bem como os protocolos institucionais, quando o paciente estiver internado.

A orientação e os esclarecimentos dos acompanhantes e familiares são fundamentais. “O primeiro item a ser abordado é a mudança frequente no posicionamento, que não deve ultrapassar duas horas e sempre usando técnicas adequadas de maneira a não arrastar a pessoa sobre o leito ou cadeira”, destaca Pollyanna Carneiro. “A cama e / ou cadeira devem redistribuir a pressão e para isso o uso de colchão e almofadas apropriadas são importantes e devem ser adequadas para alívio da pressão. O cuidador deve observar a pele e hidratá-la com frequência, além de não massagear áreas em que os ossos são salientes ou já apresente vermelhidão. Deve estar orientado que, ao observar sinal de alterações na pele, procurar atendimento de profissional de saúde”, ressalta a enfermeira.

O enfermeiro estomaterapeuta está preparado para atuar em todos os níveis de atenção e deve integrar serviços institucionais de assistência direta e educação continuada de maneira a trabalhar com a prevenção. “A Sobest trabalha ativamente para conscientizar pacientes e cuidadores sobre a importância da prevenção. Da mesma forma, capacita profissionais, em especial os enfermeiros estomaterapeutas, para atuarem da forma mais eficiente possível, para garantir a qualidade de vida dos pacientes”, ressalta a presidente da Associação Brasileira de Estomaterapia, Profa Dra Maria Angela Boccara de Paula.

Instituições internacionais como National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) nos EUA e a European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) na Europa preconizam medidas preventivas, baseadas em evidências cientificas, onde a principal delas é a mudança de posição. Atualmente vários países, incluindo o Brasil, seguem os protocolos baseados nas orientações dessas instituições (NUAP e EPUAP).