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Laboratório usa 'supertecnologia' para investigar se os rótulos

10/08/2018

Num laboratório em uma universidade em Belfast, no Reino Unido, um estudante chamado Terry segura um sensor infravermelho sobre um minúsculo prato de orégano em pó. O mercado rotulou o produto como "orégano seco". Mas será que é isto mesmo? Quando o sensor de luz atinge a amostra, um software faz a análise. Nesse caso, a embalagem está correta. Mas nem sempre é assim. Até 40% do "orégano seco" dos lotes em estudo são na verdade folhas de outras plantas, como murtas e oliveiras.

 

O problema não é apenas que pessoas sejam enganadas e comprem o tempero misturado a componentes mais baratos. Frequentemente essas folhas não são higienizadas de forma correta ou preparadas para o consumo. "As análises mostram ainda que elas estão repletas de agrotóxicos", diz Chris Elliott, diretor do Instituto para Segurança Alimentar Global, da Universidade Queens, em Belfast, onde está o laboratório. "Então, além de consumir orégano adulterado, você ainda ganha uma boa dose de agrotóxico".

 

Em 2016, o mercado global de alimentos no varejo movimentou US$ 4 trilhões (R$ 14,3 trilhões). Com a velocidade acelerada de expansão do setor, a previsão é que esse valor dobre até 2020. Com a globalização, as cadeias de produção de alimento estão cada vez mais complexas - e correm mais riscos de serem alvo de fraudes com substâncias mais baratas e prejudiciais misturadas aos produtos durante as etapas de fabricação. Enquanto isto, os adulteradores sugam bilhões de dólares do mercado regulado. E, ao fazê-lo, ainda colocam em risco a saúde da população.

 

No Brasil, a adulteração de alimentos ganhou os holofotes em 2017, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Carne Fraca, expondo um esquema de fraudes para vender aos mercados interno e externo produtos fora dos padrões nacionais de qualidade. Na ocasião, a BBC News Brasil mostrou ainda a comercialização ilegal de leite com ureia e óleo como se fossem azeite.

 

Técnicas de adulteração

 

Desde o fim dos anos 80, Elliott estuda a contaminação de alimentos. Em 2009, ele assumiu o recém-inaugurado laboratório da Universidade Queens - que recebeu investimento inicial de 1,75 milhão de libras (cerca de R$ 8,5 milhões) -, onde se dedica a desenvolver técnicas para detectar a contaminação de alimentos de forma mais rápida e mais eficiente. Além de décadas de experiência, o especialista cresceu em uma fazenda na Irlanda do Norte, por isso está familiarizado com os processos de produção de alimentos de qualidade.

 

Em 2013, ele ganhou atenção no Reino Unido depois de denunciar lotes de carne bovina processada - de hambúrguer a lasanha congelada - que tinham altas porcentagens de carne de cavalo. Em alguns casos, os produtos eram feitos integralmente de carne de cavalo. O caso abalou a indústria alimentícia britânica, e o governo encomendou a Elliot um relatório sobre o setor que acabou surtindo efeitos práticos: hoje ele se diz seguro de que não há carne de cavalo nas prateleiras dos supermercados do país.

 

Enquanto trabalhava no relatório, o pesquisador diz ter se convencido de que os indivíduos por trás do escândalo eram criminosos organizados - com atividades em supermercados pela Europa que enganavam milhões de consumidores. No laboratório, adulterações e contaminações continuam a ser encontradas em vários outros produtos.

 

Testar e testar

 

Na sala principal de análises, há ferramentas de medição e pequenos potinhos por todos os lados. Uma máquina vaporiza amostras a uma temperatura de 9,7 mil ºC. Uma outra, do tamanho de um piano de parede, custa 750 mil libras (cerca de R$ 3,6 milhões) e consegue realizar centenas de testes diferentes ao mesmo tempo. "Cuidado para não quebrar!", brinca Elliot ao passar por um estudante trabalhando. "Não vou", replica ele, ligeiramente nervoso.


A sala de teste está cheia de equipamentos caros, além de aparelhos de medição e vários potinhos espalhados pelas prateleiras (Foto: Chris Baraniuk)
A sala de teste está cheia de equipamentos caros, além de aparelhos de medição e vários potinhos espalhados pelas prateleiras (Foto: Chris Baraniuk)


Fonte: Bem Estar | Portal da Enfermagem
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