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Efeito placebo explica benefí­cios de terapias alternativas

13/03/2018

Sou fã incondicional do efeito placebo, o fenômeno que faz com que pacientes se sintam melhor apenas por acreditarem que um tratamento (sejam remédios ou procedimentos) os ajudará.  Uma pílula de farinha, luzes, cristais, pulseiras, uma injeção que só contenha soro, qualquer coisa pode ser considerado um placebo, desdeque o paciente acredite que o tratamento tenha propriedades médicas. 

 

O mais incrível é que, apesar de não ter nenhum princípio químico ativo, o placebo funciona para muitas pessoas. Tratamentos com efeito placebo podem aliviar dor, melhorar o humor, ansiedade, pânico e depressão. Em todos esses casos, o placebo pode ser eficaz para até 30% dos pacientes, segundo estudos.

 

Uma das hipóteses para sua explicação é que a expectativa de melhora criada pela pessoa conseguiria atuar em áreas do sistema nervoso central da mesma forma que remédios reais, aumentando, assim, a liberação de neurotransmissores associados à sensação de bem-estar, como serotonina e dopamina.

 

Contudo, o efeito benéfico do placebo em doenças graves, como tumores avançados e infarto, é muito baixo. Ou seja, ele parece mais efetivo em situações em que há envolvimento de fatores emocionais. O tema voltou à tona nesta segunda (12), após o Ministério da Saúde anunciar que o SUS passará a oferecer dez novas terapias alternativas. Entre elas, aromaterapia, cromoterapia, terapia de florais e reiki.  Ao todo, são agora 29 práticas desse tipo incorporadas ao sistema público de saúde.

 

Mais uma vez, o CFM (Conselho Federal de Medicina) criticou a decisão, sob o argumento de que faltam evidências científicas e avaliação dos riscos dessas práticas, e proibiu seus médicos de indicá-las ou utilizá-las. O conselho só aprova duas dessas práticas, a homeopatia e acupuntura, para as quais há possibilidade de atuação médica (apesar de não haver evidência científica do benefício da homeopatia...).

 

Pessoalmente, nada contra as terapias alternativas. Sou favorável a tudo que promova bem-estar e permita com que as pessoas se sintam acolhidas e enxergadas. Mas, em se tratando de SUS, a prioridade deveria ser a promoção à saúde e prevenção de doenças, com estratégias reconhecidamente eficazes, além de melhoria do acesso a consultas, cirurgias, medicamentos e fisioterapia, grandes gargalos no sistema.

 

O mínimo que se espera de um gestor de saúde é que ele empregue dinheiro público em terapias passíveis de serem comprovadas cientificamente. Mas isso não impede que os médicos se inspirem no efeito placebo e tirem proveito dessa fantástica força da imaginação para ajudar seus pacientes.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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