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Moscas podem ajudar a mapear e prevenir doenças

18/01/2018

Cientistas estão tentando usar as potencialidades naturais das irritantes moscas a favor da humanidade. Os bichos poderiam funcionar como uma espécie de termômetro ambiental para mapear o surgimento de patógenos e prevenir surtos.

 

A explicação para essa capacidade, segundo a pesquisadora Ana Carolina Junqueira, da UFRJ, é meramente física. Moscas têm muitas cerdas espalhadas pelo corpo, o que faz com que elas tenham uma área superficial muito grande em relação a seu diminuto volume. Mais área significa mais espaço onde micróbios podem ser transportados. É como se a mosca fosse um avião cujos passageiros são milhares de micro-organismos.

 

Com menos de 1 cm na fase adulta, a mosca doméstica (Musca domestica) se adaptou bem à dominação do planeta pelos humanos, sendo comensais de nossa espécie provavelmente há centenas de milhares de anos. Parte do preço da assustadora adaptabilidade moscal hoje quem paga são os humanos. Ao se alimentarem de matéria orgânica presente no lixo e em ralos, os insetos já foram flagrados transportando até ovos de lombrigas e de uma espécie de tênia.

 

Já a carniceira Chrysomya megacephala, também conhecida como varejeira, infesta corpos pouco tempo após a morte e pode causar em humanos vivos a condição conhecida como miíase –infestação de tecidos ou cavidades pelas larvas do bicho. Varejeiras podem ser reconhecidas pela chamativa cor metálica verde-azulada.

 

Junqueira e colaboradores dos EUA e de Singapura queriam entender qual era o potencial desses dois insetos como vetores mecânicos para doenças. A diferença de um vetor mecânico para um vetor biológico é que o primeiro apenas carrega patógenos; na segunda forma de interação, existe uma ligação íntima, com os organismos se multiplicando e se modificando no interior dos carregadores.


  Editoria de arte/Folhapress  
 

SOPA DE MOSCAS

 

A caça às moscas foi feita usando peixe podre como isca. Os espécimes foram capturados com uma rede entomológica e os bichos foram rapidamente resfriados a uma temperatura de -80°C. Depois, os cientistas fizeram um macerado de parte dos insetos que foi alvo de investigação genética de todos os organismos presentes em uma determinada amostra.

 

Ao todo foram coletadas 116 moscas em três países de continentes distintos (Brasil, Singapura e EUA) e encontrados 431 espécies de bactéria.


  Divulgação  
Os cientistas capturaram as moscas para examinar os organismos presentes nelas

Os cientistas capturaram as moscas para examinar os organismos presentes nelas


Uma chamou a atenção –aquelas do gênero Helicobacter, ao qual pertence a perigosa H. pylori. O micróbio deu as caras em 15 das 116 amostras (especialmente nas patas e asas dos bichos), e todas eram de moscas-varejeiras brasileiras. Não se sabe se a bactéria transportada seria capaz de infectar uma pessoa, causando problemas como úlceras e até câncer de estômago.

 

Ainda assim, ninguém tinha proposto essa possível forma de transmissão. A doença geralmente é associada ao contato com pessoas doentes, embora muitos podem abrigar bactéria em suas entranhas e não apresentar quaisquer sintomas.

 

Segundo Junqueira, ganha força a tese de que é possível realizar um monitoramento ambiental a partir de insetos e seu microbioma. A mesma tecnologia poderia ser aplicada, em tese, para investigar se a presença de genes ou organismos específicos favorece a transmissão de doenças como zika, dengue e chikungunya pelo Aedes aegyptiO estudo foi publicado na "Scientific Reports" e o projeto foi apoiado pelo Governo de Singapura, pela Fapesp e pela Unicamp.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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