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Imunidade adquirida na dengue ajuda a proteger contra o zika, diz estudo

14/11/2017

Estudo publicado na "Nature Communications" nesta segunda-feira (13) mostra que a imunidade adquirida após uma infecção pelo vírus da dengue pode ajudar a proteger contra o vírus da zika. Em testes em camundongos, o estudo identificou que cobaias imunes à dengue também desenvolveram proteção cruzada contra o zika. Depois, pesquisadores identificaram também que tipos especificos de células de defesa -- os linfócitos T CD8 -- têm ação combinada contra os dois vírus.

 

O trabalho teve como primeiro autor Jinsheng Wen, do Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhou, na China. Wen também é colaborador no Instituto La Jolla de Alergia e Imunologia, na Califórnia (EUA). Os achados são particularmente importantes para a tentativa do desenvolvimento de uma vacina contra o zika e a dengue em todo o mundo. Uma segunda importância do estudo é que ele indica preliminarmente que a dengue não aumenta a gravidade de infecções por zika -- uma possível interação entre infecções cruzadas foi uma das muitas hipóteses levantadas durante o início da epidemia por zika no Brasil.

 

Agora, após o avanço do conhecimento científico, a ideia é outra: talvez seja justamente uma infecção prévia da dengue que impede o zika de ter consequências mais graves, como as anomalias em bebês. "Em países endêmicos para a dengue, isso pode explicar a razão pela qual algumas pessoas infectadas com zika não desenvolvem a doença ", diz Sujan Shresta, da Universidade de Wenzhou, e autor do estudo, em nota. Esse fator também pode ser parte do porquê não é toda a mulher com zika que transmite a infecção para o bebê."


 

 

Cérebro apresentava menos cópias do vírus


Pesquisadores fizeram um estudo do tipo controle para testar a possível imunidade "cruzada" entre os dois vírus. Primeiro, infectaram camundongos com o vírus da dengue. As cobaias ficaram doentes, mas se recuperaram da infecção -- o que demonstra que adquiriram imunidade.


Após a recuperação, animais foram infectados novamente com o vírus da zika. Também um outro grupo, não infectado anteriormente com o vírus da dengue, foi alvo da infecção pelo zika. Nos resultados, o grupo anteriormente infectado com dengue apresentou carga reduzida de zika no sangue, nos tecidos e no cérebro.


A descoberta dos testes indica preliminarmente, assim, que a defesa adquirida contra a dengue pode ajudar a mitificar os efeitos neurológicos advindos do zika -- já que menos cópias do vírus foram identificadas no cérebro.


Linfócito T:  vacina anti-zika também deve ter essa célula por alvo (Foto: NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases) )
Linfócito T: vacina anti-zika também deve ter essa célula por alvo - Foto: NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases)

 

Vacina deve ter por alvo dois tipos de célula de defesa

 

Um outro resultado importante da pesquisa é a descoberta da ação dos linfócitos T CD8 na imunidade contra os dois vírus. Isso porque a maioria das vacinas em andamento tem atuação somente contra os linfócitos B. As células de defesa do tipo B são as que produzem anticorpos após o contato com uma infecção. Essa ação tem por vistas o sistema imune adaptativo: aquele que desenvolve imunidade com vistas a um ataque futuro.


Já as células do tipo T, além de focar infecções futuras, têm uma ação direta sobre o invasor -- sem necessariamente o envolvimento de um anticorpo. No caso do estudo, cientistas demonstraram que é o linfócito T CD8 que tem ação conjunta. O CD8 é um tipo de proteína que aparece na superfície da célula. Ele tem a função de se ligar a outras proteínas que estão na superfícies de vírus -- num mecanismo chave-fechadura que facilita a destruição dos patógenos.


Jinsheng Wen, primeiro autor do estudo, pontua que foi observada a ação dos dois tipos de célula na proteção. Segundo ele, as vacinas em andamento devem ter por alvo uma ação conjunta entre linfócitos B e T.



Fonte: Bem Estar | Portal da Enfermagem
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