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Ao suar por uma boa selfie, 'atletas' podem passar dos limites

26/07/2016

Em competições de corrida, o espaço entre os corpos muitas vezes é diminuto. Mas, no meio do aperto, surgem braços esticados, prontos para tirar selfies e registrar o momento. Por exibicionismo ou como forma de incentivo, a prática é cada vez mais comum em maratonas, pedaladas, academias e parques –ou, basicamente, em qualquer modalidade esportiva.

 

O uso dos celulares já mudou a cara de competições e dos treinamentos. Ao mesmo tempo em que é possível acompanhar o progresso no esporte, o dispositivo causa distração e pode aumentar o risco de lesões, inspirar esforços incompatíveis com o preparo físico para garantir mais "likes" e até atrapalhar os outros participantes (especialmente em corridas).

 

A presença de selfies se tornou tão significativa, e até incômoda em alguns casos, que a NYRR (organização dos corredores de rua de Nova York) declarou "desencorajar veementemente" o uso de redes sociais e celulares durante as provas. Os famosos paus de selfie foram totalmente banidos das competições.

 

"Na maratona do Rio, muita gente parava para tirar fotos com o Pão de Açúcar ao fundo, na praia", diz Luciana Haddad, 37, cirurgiã do Hospital das Clínicas da USP e especialista em transplante de fígado. A rotina da médica começa cedo, mas longe do hospital. A partir das cinco da manhã, diariamente, é possível encontrá-la correndo ou pedalando na USP e no Ibirapuera. Luciana também é triatleta (praticante de triatlo, modalidade que envolve corrida, natação e ciclismo) e tem o hábito de compartilhar suas rotinas de treino.

 

Para ela, a audiência das redes sociais é um incentivo para os momentos de "será que vou aguentar?" Mesmo sabendo do apoio das redes sociais, somente uma coisa importa nas competições: a performance. "Quem para no meio da corrida, com o sol nascendo, e tira uma foto não está preocupado com o tempo. A gente que está treinando com uma planilha nunca vai fazer isso", afirma.

 

Daniel Kuriu, 34, é um dos que não estão preocupados com o tempo das provas. O fisioterapeuta, que posta fotos de si mesmo correndo e pedalando, diz que o objetivo é incentivar a prática saudável de exercícios. Para isso, evita especificar o tipo de treinamento que faz e os resultados que alcança.

 

"As pessoas perdem um pouco o bom senso. Tentam provar para outros que elas conseguem e acabam se machucando", afirma Kuriu. A preocupação é compartilhada por Dudu Netto, diretor técnico da companhia de academias Bodytech. "Quando uma rotina de treino é colocada nas redes sociais, nunca são exercícios tradicionais, é sempre alguma coisa inusitada", segundo ele.

 

Netto se preocupa com o público que vê as postagens e pensa que pode repetir a performance. Ele afirma que todo tipo de treinamento deve ser acompanhado por um especialista. "Por mais parecidas que as pessoas sejam, não dá para imitar nenhum exercício."

 

A questão da segurança ganha destaque no próprio momento da selfie. Em treinos velozes de bicicleta ou locais perigosos, Luciana nunca tira fotos, que ficam reservadas para horas mais tranquilas em que o risco é mínimo. "Não é só no ciclismo. Na corrida, você estica o braço e alguém que você não está vendo passa ao seu lado e pode se machucar", afirma Kuriu. Ele diz que quando quer registrar provas, larga atrás de todos para não interferir na prova dos outros.

 

IOGA

 

Fotos de posições complexas de ioga também fazem sucesso na internet – e podem representar um risco para praticantes inexperientes. A imagem é central e muito cobrada, segundo Wal Nunes, 34, professora de ioga e meditação."Quando você apela para a imagem, acaba tendo muito mais seguidores, um resultado mais positivo."

 

Após um ano de treinamento e de sentir bons resultados, Fernanda Costa, 30, começou a publicar algumas de suas posições para incentivar outros a praticarem ioga. Nunes diz, porém, que não gosta que fotografem os exercícios e que seus objetivos são a segurança dos alunos e a busca pela espiritualidade.

 

Renata Sobreira, 58, instrutora de kundalini ioga, pensa de forma similar e se preocupa com as tentativas de reproduzir posições difíceis sem orientação. As posturas não são a única finalidade. "Ioga tem até essa finalidade de fazer você enfrentar os desafios da vida com mais tranquilidade", afirma.



Fonte: Folha de S. Paulo | Portal da Enfermagem
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