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Por mês, 47 mulheres morrem vítimas de violência doméstica

01/09/2015

Ganhar mais que o marido ou ter o sonho de crescer profissionalmente pode representar uma sentença de morte. Para a manicure Rosana Pereira, 27*, bastou investir na carreira de vigilante para o relacionamento acabar e ela ser assassinada, em outubro passado. Tragédias como essa não param de ocorrer em Minas. Só no primeiro semestre do ano, foram 283 homicídios motivados por violência doméstica, uma média de 47 por mês.

 

Mesmo com as leis Maria da Penha e do Feminicídio – que desde março transforma em crime hediondo o assassinato de mulheres –, a violência doméstica se mantém estável, segundo levantamento divulgado nesta segunda pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). No primeiro semestre de 2013, foram 288 assassinatos em Minas, contra 284 no mesmo período de 2014.

 

Em Belo Horizonte, o índice variou entre 36, 46 e 40, de 2013 até agora, respectivamente, uma queda de 13% se comparado o ano passado com este ano, mas uma elevação de 11% em relação a 2013. A Polícia Civil de Minas informou que está elaborando um diagnóstico da capital para definir novos investimentos no setor, incluindo aumento do quadro de pessoal e uma nova sede para a Divisão Especializada de Atendimento à Mulher.

 

Cultura - Mas, além de investimentos em segurança, é preciso haver educação. “A Lei Maria da Penha e o Código Penal são suficientemente rigorosos. O que falta, principalmente, é conscientização da população. Muitos ainda não têm consciência de que suas atitudes são erradas”, afirmou a desembargadora Evangelina Castilho Duarte, superintendente da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

 

A delegada Margaret de Freitas Rocha segue na mesma linha. “Muitos já ouviram falar da Lei Maria da Penha, mas não sabem o que é. O machismo ainda está muito arraigado na sociedade”, ressaltou.

 

O estudo da Seds mostra que tanto o homicídio como todos os tipos de violência doméstica se mantêm estáveis em Minas e até com um ligeiro aumento, o que inclui lesão corporal, agressão verbal, abuso sexual, ameaça. De janeiro a junho, foram 63.062 casos no Estado, 3,4% a mais que no mesmo período de 2014. Na capital, 7.416 ocorrências, média de 41 por dia.

 

“Ainda falta muita noção sobre igualdade de gênero. Às vezes, a mulher deixa de crescer profissionalmente com medo de perder o companheiro ou de provocar ciúme”, afirmou advogada especialista em direito de família Alice Birchal. Rosana Pereira tentou vencer essas barreiras, mas acabou não realizando o sonho e morreu deixando duas filhas, de 6 e 7 anos.

 

* Nome fictício

 

Inédito

 

Pesquisa - Segundo a Seds, a divulgação desse tipo de diagnóstico é inédita. O estudo foi planejado e produzido por técnicos da Polícia Civil, com base em boletins de ocorrência de 2013 a 2015.


Resultados da pesquisa
 

Crime está presente em todas as classes sociais

 

O Diagnóstico de Violência Doméstica, divulgado nesta segunda pela Secretaria de Estado de Defesa Social, revela que as principais vítimas são mulheres pardas e negras (60%) e as de baixa escolaridade. No entanto, para especialistas, os crimes ocorrem em todas as classes sociais, mas ficam mais escondidos nas mais altas.

 

“A violência doméstica predomina na classe mais baixa e de menor escolaridade, mas tem forte presença na média e na alta, onde as mulheres são mais pressionadas a não denunciar por medo da exposição”, afirmou a desembargadora Evangelina Castilho Duarte.

 

Ela disse que a Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar faz campanhas de conscientização em bairros da região Centro-Sul com altos índices de violência.

 

Mais informações

 

Interior - A violência doméstica sobressai no interior. Uberaba, no Triângulo Mineiro, é a cidade com a maior taxa por 100 mil habitantes – 397,02.

 

Estrutura - Minas Gerais tem atualmente 58 delegacias especializadas (três em Belo Horizonte) e quatro varas de Justiça especializadas (todas na capital). A Polícia Civil avalia que hoje cresce o número de casos porque as mulheres estão denunciando mais.

 

Tecnologia - Especialistas defendem investimento maior em tecnologia para proteger as mulheres, como o botão do pânico, já usado no Espírito Santo, que pode ser acionado em caso de aproximação do agressor. A Secretaria de Estado Defesa Social informou que já tem mecanismo de monitoramento eletrônico, as tornozeleiras.



Fonte: O Tempo | Portal da Enfermagem
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