São Paulo, 20 de abril de 2024
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Estudo no Rio acha 'genes da tendinite' em atletas do vôlei

Um estudo feito no Brasil mostrou que há uma ligação entre as características genéticas e o desenvolvimento de tendinites. Os cientistas do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad), no Rio, chegaram a esse resultado depois de analisar amostras de DNA de 138 jogadores de vôlei masculino de 18 a 35 anos que disputam a Superliga e treinam de quatro a cinco horas por dia.

 

De origem traumática ou degenerativa, a inflamação de tendões é comum em jogadores, afetando articulações como joelhos, ombros e o tendão de Aquiles. De acordo com a pesquisadora Priscila Casado, do Into, o estudo surgiu da observação de que, apesar de serem submetidos a cargas semelhantes de esforço físico, alguns atletas sofrem com o problema, e outros, não.

 

As amostras de DNA foram colhidas no Maracanãzinho em 2011 e 2012 de jogadores que iam ao Rio enfrentar o time RJX. Em laboratório, cientistas isolaram o DNA presente na saliva coletada e sequenciaram os genes que poderiam ser importantes para o desenvolvimento das lesões. Depois, foram analisadas as informações genéticas para ver se havia características que diferenciassem os jogadores com histórico de tendinite dos demais.

 

Os resultados indicaram que alterações de dois genes –o BMP4, responsável pela produção de uma proteína que estimula as células formadoras de osso, e o FGF3, que estimula a formação das células dos tendões–, além da idade e do tempo da prática esportiva contribuem para desencadear a degeneração dos tendões dos atletas.

 

Dos 138 jogadores que participaram do estudo, 38% tinham tendinite. Nesse grupo, 66% tinham a predisposição genética ligada ao BMP4. Entre os atletas livres de tendinite, só 9% tinham a alteração genética.

 

Segundo os especialistas, a partir dessa descoberta, é possível que preparadores físicos selecionem exercícios específicos para reduzir risco de tendinite em atletas com predisposição genética. O achado, publicado no "Journal of Science and Medicine in Sport", pode ser especialmente útil para novos atletas.

 

"Os jogadores de base podem atuar na prevenção com esses resultados. Já os jogadores que têm a doença instalada poderão usufruir de um tratamento específico que poderá ser desenvolvido no futuro", diz Casado. O jogador da seleção brasileira de vôlei Lucas Saatkamp, o Lucão, 28, participou do teste e disse que grande parte dos atletas sofre com a tendinite em alguma parte do corpo, por conta do esforço repetitivo.

 

Ele afirmou que convive com a dor diariamente, mas cuida do condicionamento físico para suportá-la. "Esse estudo poderá ajudar o atleta infantil com um acompanhamento para que chegue à vida adulta sem a doença" diz. Agora, os pesquisadores fazem testes com times juvenis na tentativa de reduzir os riscos de tendinite. "O próximo passo é analisar a associação de outros genes nos tendões doentes", disse Priscila Casado.