São Paulo, 25 de abril de 2024
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Ursinho de brinquedo leva mensagem da família para crianças internadas

Ao apertar a mão do ursinho, Elielson, 5, sorri: dali sai a voz carinhosa da madrinha Imia dizendo que sente saudade e que deseja que ele melhore e volte logo para casa.

 

Diagnosticado com leucemia aos 47 dias de nascimento, o menino já passou por várias internações. Ele recebeu transplante de medula óssea em fevereiro, contraiu infecção e segue internado.

 

Elielson é uma das crianças internadas no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (SP), referência em oncologia infantil, que ganharam ursinhos especiais. Eles receberam um equipamento que recebe mensagens de áudio, mandadas via WhatsApp, e caixas de som. Um mecanismo liga a mão dos bichinhos ao dispositivo, liberando as mensagens armazenadas. Cada criança tem um número, passado aos familiares. Foi por meio dele que Elielson conversou com a madrinha, que mora em São Luís.

 

"Ele adora o ursinho, não larga por nada. Toda hora ouve as mensagens", diz a mãe, Cleudiana Ferreira, 33, que deixou outros dois filhos, de 7 e 14 anos, no Maranhão aos cuidados de familiares. Segundo a oncologista pediátrica Claudia Teresa de Oliveira, chefe da pediatria do hospital, a ideia do ursinho "high tech" surgiu como forma de diminuir a solidão das crianças internadas, que ficam isoladas do resto da família durante o tratamento.

 

"Recebemos muitas crianças de outros Estados. São famílias carentes, que não têm acesso à tecnologia. Para elas, o ursinho alegra o dia, ameniza o efeito hospital." Com o projeto, o hospital incentiva que familiares e amigos enviem mensagens. "O carinho faz uma enorme diferença na recuperação da criança. Não conseguimos medir em números, mas a melhoria do bem-estar delas é visível", diz a médica.

 

No Instituto da Criança do HC da USP, as crianças se conectam com os familiares por meio do Facebook, nos computadores existentes nas cinco brinquedotecas. O instituto ainda ampliou o horário de visitas até a noite. "Nos próximos meses, vamos liberar para que o familiar venha a hora que quiser", diz a coordenadora de humanização, Jaqueline Lara.

 

Duas vezes por mês, as crianças recebem a visita de cães. "Uma criança viu pela primeira vez um cão aqui. Ela nasceu na maternidade e ficou quatro anos internada." No Hospital de Câncer de Barretos também há várias ações para amenizar o sofrimento dos pequenos, como a quimioteca, que oferece jogos e brinquedos durante as sessões de quimioterapia.

 

O hospital também é pioneiro no modelo de atender a criança e acolher a família. "O paciente fica no apartamento com um parente e a família se hospeda nos alojamentos no entorno do hospital", afirma Henrique Prata, presidente da instituição.

 

No caso de crianças em fase de cuidados paliativos, toda a família fica hospedada em apartamentos na unidade infanto-juvenil. "Não importa se a família é grande ou pequena. Hospedamos todos, pai, mãe e filhos", afirma.

 

LIGA, RONILDO - O ursinho distribuído a 30 crianças no Hospital Amaral Carvalho foi criado em parceria com a FOM, fabricante de travesseiros, almofadas e brinquedos antialérgicos.

 

Ele recebeu o nome de "Elo" – por ter a função de ligar as crianças às pessoas que mais amam. Mas nem sempre atinge esse objetivo. Ao final da entrevista, Cleudiana, mãe de Elielson, manda um recado para o pai do garoto: "Ronildo, liga para saber do teu filho. Ele está com saudade, pergunta onde você está". Ela não tem notícias do ex-marido desde fevereiro.

 

Veja o vídeo das crianças com o urso Elo: http://youtu.be/cEZ4Ob1RLo8